Cristaldo fez 'Lionel' Marlos pagar mico no Facebook; saiba como foi

Francisco De Laurentiis, do ESPN.com.br, e Vladimir Bianchini, da Rádio ESPN
SAMUEL KUBANI/AFP/Getty Images
Cristaldo Comemora Gol Metalist Red Bull Salzburg Liga Europa 16/02/2012
Cristaldo nos tempos de Metalist: pegadinhas com brasileiros na concentração

Além do faro de gol, o atacante Cristaldo, do Palmeiras, é conhecido por outra qualidade: o argentino é talvez o melhor animador de concentrações do futebol mundial. Nos tempos de Metalist, da Ucrânia, o centroavante aprontou poucas e boas, fazendo dos jogadores brasileiros as vítimas favoritas de suas pegadinhas.

Quem pagou o maior mico em uma dessas brincadeiras foi o meia-atacante Marlos, apelidado de 'Lionel Marlos' durante seus tempos no futebol brasileiro. Certa vez, todos os atletas foram jantar no refeitório do Metalist e o ex-Coritiba e São Paulo deixou o computador ligado com seu Facebook logado. Cristaldo não teve dó.

"Ele fez um post dizendo 'Eu assumo que sou gay' (risos). Rapaz, deu uma confusão! Começou a pipocar no celular da galera e os caras tirando sarro. O coitado do Marlos não sabia o que estava acontecendo. Até a mulher dele ligou brava e reclamando: 'Que p* é essa?' (risos). Todos os amigos dele começaram a comentar, foi uma confusão só", lembra Michel Huff, brasileiro que trabalha como preparador físico do Metalist, em entrevista à Rádio ESPN.

"Só que aí a gente começou a se perguntar quem tinha feito aquilo, porque estavam todos ali no refeitório. Só que ninguém tinha reparado que o Cristaldo não estava. Depois de procurar, contamos e vimos que estava faltando alguém. Eis que surge o Churry [apelido do atacante] com uma cara de quem tinha aprontado, todo mundo caiu na risada. E o Marlos bravo: 'Ah, foi você, seu filho da p*?'", gargalha o gaúcho.

Apesar das pegadinhas, Cristaldo sempre foi fã dos jogadores e do futebol brasileiro. Tanto é que, nas concentrações, arrancava risadas de colegas como Taison e Cleiton Xavier com narrações de gols de times brasileiros. De tanto ficar na brincadeira, acabou aprendendo português, o que o ajudou em sua adaptação quando chegou ao Palmeiras, no ano passado.

"Ele aprendeu muito rápido, andava direto com os jogadores brasileiros, por isso já está 'deitando' no português. Ele é um cara que tem um astral muito bom", conta Huff.

Em 2013, porém, o Metalist estava cumprindo punição da Uefa e não podia disputar a Champions League. Cristaldo acabou emprestado ao Bologna, da Itália, e deixou um "buraco" na concentração. Os companheiros de equipe, mesmo os que costumavam ser vítimas das pegadinhas do argentino, fizeram até um movimento para pedir sua volta.

"Ele anima qualquer concentração. Quando foi emprestado para o Bologna, a gente falava: 'E agora, quem vai fazer o papel do Churry?' Tanto é que todo mundo pedia a volta dele, porque, além de um grande jogador, é um cara muito bacana", afirma.

Salvo pelo preparador

O preparador físico e o atacante argentino são muito amigos até hoje, já que o brasileiro foi responsável por "salvar" o camisa 9 em um momento complicado da carreira. Cristaldo estava sofrendo muito com o frio da Ucrânia e não estava apresentando bom desempenho. Ele precisava começar a jogar bem, pois estava na lista de atletas observados pela seleção argentina, e recorreu a Michel Huff.

"Nós fizemos muita amizade porque chegamos na mesma época ao clube. Eu fiz um trabalho especial para recuperá-lo, porque ele foi avisado um mês antes que podia ser convocado para a seleção argentina, mas estava na reserva do Metalist. Quando faltavam 10 dias para a convocação, o titular do Metalist levou o terceiro amarelo, o Cristaldo entrou e arrebentou: no jogo seguinte, ganhamos de 4 a 1 fora e casa, e o Churry fez os três primeiros da partida", recorda.

Após a partida, o argentino emocionou o amigo brasileiro com um gesto. 

Divulgação
Michel Huff Preparador Metalist Ucrania
Michel Huff, brasileiro do Metalist

"Ele ganhou a bola do jogo, porque fez o hat trick. Aí no vestiário, na frente de todos os jogadores, me deu a bola, como forma de agradecimento pelo trabalho especial que fiz com ele. Foi bom para nós dois, porque eu fui valorizado e a partir daí ele deslanchou, nos próximos quatro jogos, fez cinco gols", ressalta Huff, que é só elogios ao centroavante.

"Ele é assim mesmo. Dentro de campo, é extremamente esforçado, um cara muito sério, que joga com intensidade e entrega, não tira o pé de dividida. Mas, fora de campo, gosta de dar uma aprontada (risos)", diverte-se.

Aos atletas do Palmeiras, fica o aviso: não deixem o Facebook aberto perto de Cristaldo.

REGINALDO CASTRO/Gazeta Press
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