Morreu Bernie Worrell, um dos grandes dos Parliament-Funkadelic

O inovador teclista desaparece aos 72 anos depois de uma carreira que passou pelo epicentro do funk de Detroit dos 70s e que o pôs na pop dos anos 1980 com os Talking Heads.

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Com os Talking Heads DR

Teclista, compositor, um dos primeiros a fazer magia com o sintetizador, Bernie Worrell morreu em sua casa na sexta-feira aos 72 anos. Um dos fundadores dos Parliament-Funkadelic e colaborador dos Talking Heads, é lembrado como o “Wizard of Woo”, um músico capaz de arranjos e combinações inventivas que influenciariam várias gerações de músicos.

George Bernard Worrell nasceu em Nova Jersey e desde logo se afirmou como um prodígio musical, tendo tocado com a Orquestra Sinfónica de Washington aos 10 anos. Morreu aos 72, depois de um diagnóstico de um cancro avançado de pulmão em Janeiro, em sua casa, segundo informou a mulher, Judie Worrell, a partir da residência da família em Everson, Washington.

Ao longo da sua carreira, o seu trabalho nas teclas dos Parliament-Funkadelic marcou o funk, o hip-hop e a pop. Foi um dos primeiros a usar o sintetizador Moog e tornar-se-ia, depois da sua “fase Detroit”, num colaborador regular dos Talking Heads e num nome presente nos trabalhos de Keith Richards, Yoko Ono, Fela Kuti ou dos Pretenders. Como escreve Jon Pareles no New York Times, Worrell “era o tipo de músico de apoio que é tão influente como alguns líderes de uma banda”, um sideman que funciona como um frontman.

Era um músico de sólida formação, tendo estudado na conceituada escola de artes de Nova Iorque, a Julliard, bem como no New England Conservatory of Music

Conheceu George Clinton, o seu amigo e futuro companheiro musical, a tocar em bares e acabaria por segui-lo até Detroit. Anos mais tarde, os dois eram partes opositoras em processos legais, mas seria na cidade dos automóveis que os Funkadelic trabalhariam na década de 1970 com uma originalidade que os levaria aos anos 1980. Os dois projectos concomitantes de Clinton nos anos 1970, os Parliament nascidos de um grupo de doo-wop que fundara na década de 1950 e os Funkadelic, eram tão pujantes na sua originalidade e tão gemelares na sua constituição que o seu som ficou conhecido quase como uma categoria em si mesma – o P-Funk.

Em concertos que eram festas de cor, música e muitos figurinos originais tocavam diferentes tipos de funk, gravavam para editoras diferentes, mas eram tão conotados com o génio de Clinton e com o ambiente dos múltiplos projectos musicais em que se multiplicavam que se tornaram conhecidos como Parliament-Funkadelic. Na década de 1980, o grupo desmantelar-se-ia entre problemas vários com drogas e finanças, mas o núcleo da banda, como lembra a Associated Press, eram Clinton, Worrell, o guitarrista Eddie Hazel e o baixista Bootsy Collins. E produziram proficuamente, com títulos como Give Up the Funk (Tear the Roof off the Sucker), Flash Light, Atmosphere e álbuns como One Nation Under a Groove, Free Your Mind…And Your Ass Will Follow Maggot Brain ou Funkentelechy Vs. the Placebo Syndrome.

Nas últimas décadas, continuava a tocar e a gravar e lembrava com carinho, embora pouco entusiasmo pelo aparato que rodeava os Parliament-Funkadelic, as actuações ao vivo que faziam tudo valer a pena.

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